Tradução: Eu sempre manifestei minha forte crença no Spotify e no que estamos construindo. Então, vou colocar essa crença em ação nesta semana, investindo US$ 50 milhões em ações do Spotify. Eu acredito que nossos melhores dias estão pela frente…
Esse foi o tweet feito por Daneil Ek, um dos fundadores e CEO do Spotify. Mas, como já diz o ditado: Quem fala o que quer, ouve o que não quer. Essa foi uma das respostas que o fundador do Spotify recebeu:

Tradução: Daniel, quantas ações você vendeu por preços muito mais altos? Foque na operação em vez de ficar fazendo esse Pump and Dump sem fim. Você toca essa empresa por 15 anos e ainda não conseguiu atingir o breakeven*.
Pump and Dump: Prática fraudulenta de manipular o mercado, que consiste em inflar artificialmente o preço de uma ação (dizendo que vai comprá-la, por exemplo).
Breakeven: É o ponto em que um negócio consegue neutralizar os prejuízos, ou seja, o faturamento total que a empresa gerou ao longo de sua operação alcançou todos os custos que ela já teve. É o momento em que a companhia fica no zero a zero.
Se ele realmente manipula o mercado, não sabemos dizer. Agora, fato é que o negócio realmente não conseguiu sair do prejuízo… Pelo menos por enquanto.
Outras métricas essenciais quando o assunto é não dar lucro… 
Cash Burn: Na fase em que a startup está dando prejuízo, é comum dizermos que ela está “queimando dinheiro”. O cash burn é justamente a quantidade de dinheiro que essa empresa queima, geralmente por mês.
Runway: É a quantidade de meses que a empresa consegue continuar operando antes de ficar sem dinheiro. Se um negócio que dá R$ 100 mil de prejuízo por mês (ou seja, que tem um cash burn rate mensal de 100 mil reais) captar R$ 1 milhão, seu runaway é de 10 meses.
CAC (Custo de Aquisição de Clientes): É a soma de todo o valor investido pela empresa em marketing e vendas necessário para trazer um novo cliente;
LTV (Lifetime Value): É o valor que cada cliente vai gerar em receita enquanto continuar sendo cliente dela.
Ter esses números claros é essencial para uma empresa que opera no prejuízo, pois permite saber quanto tempo ela aguenta “sangrar” até começar a dar lucro ou precisar fazer uma nova captação ou empréstimo.

Exemplificando:
Para você entender como esse conceito pode justificar uma empresa dar prejuízo durante alguns anos, aqui vai um exemplo:
Pense em um negócio que gasta R$ 10 reais para trazer um novo cliente (CAC). Agora, considere que cada cliente gaste R$ 8 por ano. Aparentemente, a empresa teria um prejuízo de 2 reais.
No entanto… Imagine que cada novo cliente permaneça pagando por 10 anos. Nesse caso, o LTV seria de R$ 80 (R$ 8 x 10 anos).
- Embora a empresa tenha um prejuízo de 2 reais no primeiro ano, após esses 10 anos, o lucro seria de 70 reais (R$ 80 menos os R$ 10 do custo para trazê-lo).
Uma empresa que se encontra em uma situação como essa não precisa focar no lucro imediato, visto que ele virá no longo prazo.
Dessa forma, mesmo que gere um prejuízo de início, pode valer a pena gastar muito dinheiro — ter cash burn alto — para captar mais clientes e dominar o mercado — considerando sempre seu runaway.
Por outro lado…
Essa não é a realidade de todas as empresas, e muitas startups não têm clareza de como serão lucrativas no futuro. Assim, é preciso ter cuidado e acompanhar muito bem as métricas para seguir essa estratégia.
Até porque, o principal motivo que faz startups falirem é quando acaba o dinheiro e elas não conseguem captar mais — problema comum em cerca de 40% das falências.
Pra fazer imagem: É só lembrar da notícia do the news de duas semanas atrás. Diversas startups nacionais com valuations altíssimos estão passando por onda de demissões, enquanto os aportes diminuem, justamente para preservar dinheiro em caixa.