A Bruna e o Eduardo se conheceram na adolescência. Baladeiros, os dois viviam frequentando as mesmas festas e curtindo até o sol raiar, mas nunca estavam juntos.
- Apesar de serem da mesma turma, o encontro deles não foi de almas: a Bruna achava o Eduardo esquisito e ele achava ela uma chata.
Todo final de semana, iam para as mesmas baladas, viam as mesmas pessoas e eram os últimos a irem embora — os inimigos do fim estavam sempre perto, porém, seguiam longe.
Até que um dia… O Eduardo chamou os amigos para passarem um feriado na sua casa de campo.
- Quando ficou sabendo que a Bruna topou, ele não ficou muito satisfeito, mas, como bom anfitrião, resolveu agir naturalmente.
Chegando no sítio, o clima entre os dois era como nas baladas: o Eduardo em um canto e a Bruna no canto oposto.
Distantes um do outro, eles beberam algumas cervejas, riram com os amigos, arriscaram uma música ou outra no karaokê e até viraram alguns — muitos — shots de tequila.
O dia foi amanhecendo, a turma toda foi dormir e os dois ficaram sozinhos. Em uma simples troca de olhares, pela primeira vez, eles se enxergaram.
- Nas palavras de Carl Jung, sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração.
Naquele minuto, numa cidadezinha no interior de Minas Gerais, o caminho da Bruna se cruzou com o do Eduardo. Depois de muitos encontros falhos, foi naquele olhar que suas almas se encontraram.
No dia seguinte, todos os amigos ficaram surpresos com o novo casal. A Bruna não era de se envolver e o Eduardo tinha acabado de terminar um longo namoro.
- Disseram que aquilo ali não duraria nem um mês, mas mal notaram quando os 30 dias se passaram: a loucura deles se encaixava perfeitamente.
Aquele mês virou um ano, que virou outro ano e emendou em mais alguns seguintes. O Eduardo se apaixonou pelo jeito espontâneo da Bruna, que se derreteu pelo olhar doce do Eduardo.
Seguindo a música do Jota Quest que dizia que ela era chata e ele esquisito, os dois perceberam que olhar só pra dentro é o maior desperdício: o amor já estava ao lado.
- 5 anos depois… A Bruna e o Eduardo se viram distantes. Continuavam perto, mas o sentimento parecia longe.
Na busca pelo brilho no olhar, resolveram dar um tempo. Passaram três meses separados, para a distância física mostrar que o amor não havia se perdido: no pensamento, eles continuavam juntos.
No aniversário da Bruna, o Eduardo mandou uma mensagem. Essa mensagem virou uma longa conversa e acabou em um convite pra jantar.
Ao se encontrarem, sentiram que estavam de volta naquela cidade do interior, cinco anos atrás. Resgataram o olhar do passado e fizeram uma promessa: nunca mais deixariam a chama apagar.
- Ao falar sobre o seu relacionamento, a Bruna gosta de usar a palavra Serendipity — expressão em inglês que significa uma feliz descoberta ao acaso.
Encontrar algo precioso onde não estamos procurando pode até ser obra do destino. Manter o amor desperto depois de anos de convivência, por outro lado, é fruto de muita dedicação e paciência.
Desde o início do relacionamento, eles sonhavam em viajar juntos para a Europa. Com a pandemia, o plano foi adiado, mas pôde acontecer em março deste ano.
- Em uma cidadezinha do interior — dessa vez, na Alemanha —, o Eduardo sentiu que era o momento certo. Com muito frio na barriga, ajoelhou-se e pediu a Bruna em casamento.
Sem roteiro ou script, aquele pedido foi como o relacionamento dos dois: surpreendentemente perfeito. Com tantos desencontros pela vida, a Bruna agradece por ter enxergado esse encontro de almas.